segunda-feira, 13 de julho de 2009

Alguns textos...

E a psicologia, o que tem a dizer?

ERA UMA VEZ...

Cátia Dalla Valle
Geisa Francieli Bonatto
Laura Conterno
Gerusa Binotto Piaia


Branca de Neve, Saci Pererê, Lobo Mau, Cinderela, Cuca, Patinho Feio, Chapeuzinho Vermelho, Pinóquio, Soldadinho de Chumbo... Estes e tantos outros fazem parte dos personagens que habitam o encantado mundo da fantasia, razão pela qual é difícil falar em folclore sem nos remeter a tais personagens.
Mesmo que ouvir uma história infantil não seja garantia de felicidade, certamente ajuda a acreditar no poder da fantasia, pois suas metáforas ilustram diferentes modos de pensar e ver a realidade. Afinal, que outro motivo faria os contos de fadas perpassarem tantas décadas e nunca perderem seu encantamento?
Isso acontece porque, quando acreditamos no poder da fantasia, mesmo sem nos darmos conta passamos a acreditar também no não-envelhecimento dos contos de fadas. Assim, sem cair no esquecimento, esses contos perpetuam nos diferentes espaços, como da escola e a família e possibilitam a construção da identidade.
Evidentemente que sozinhas as histórias não transformam a vida de ninguém, mas oferecem subsídios para que crianças e adultos possam suportar o fardo da vida comum. Assim, é preciso sonhar, pois é deste modo que, além de mascarar o peso da vida, os sonhos permitem às crianças entender que o mundo pode não ser perfeito como nas fábulas, mas é possível melhorá-lo, lançando a esperança de que os bons poderão mudar uma situação.
As crianças refletem com maior nitidez o impacto dos contos, pois se apegam às histórias e as usam para elaborar seus dramas íntimos, dando colorido e forma ao que estão vivendo. Os contos de fadas se tornam lembranças importantes ao penetrarem na subjetividade da criança, portanto, quando vindos de pessoas significativas, tais como a mãe, o pai ou a professora, tornam-se ainda mais associadas às vivências infantis e podem perdurar por muitas décadas.
Deste modo, podemos dizer que trabalhar o folclore é também cuidar emocionalmente da criança, pois a fantasia presente nas historias pode transformar o mundo em algo melhor, mesmo que na imaginação, pois permite lembrar que as soluções são possíveis e que nunca é tarde para sonhar, pois, “uma vida se faz de histórias – as que vivemos, as que contamos e as que nos contam.”

NPE – Núcleo de Psicologia Escolar URI-FW
Professora Responsável: Edinara Michelon Bisognin
Estagiárias: Gisela dos Santos, Josiani Galli, Kamila Trautmann, Karoema Dias.


Reflexões sobre as dificuldades de aprendizagem
(Re)pensando a Disortografia
Edinara Bisognin
Iniciamos no mês de maio, na edição 312 deste jornal, algumas reflexões sobre a complexidade do ato de escrever, momento em que falávamos da “disgrafia”. Dando continuidade a essas reflexões, hoje falaremos de um outro transtorno: a “disortografia”.
A palavra por vezes assusta, entretanto, tem sido comum encontrarmos pais e/ou professores preocupados, queixando-se que seu filho/aluno apresenta dificuldade para escrever. Diferentemente da alteração no traçado - característica do disgráfico - o disortográfico tem dificuldade na aprendizagem e no desenvolvimento da linguagem escrita, isto é, apresenta erros na escrita das palavras. Convém salientar que esta dificuldade não está, necessariamente, associada à dificuldade da leitura - a dislexia.
Em relação às causas, estudos sugerem que as lacunas de base, resultantes de uma aprendizagem incorreta da leitura e da escrita, podem ocasionar insegurança para escrever, assim como, em etapas posteriores, possíveis déficits na aprendizagem de normas gramaticais podem resultar em erros ortográficos, os quais, muito provavelmente, não aconteceriam se não existissem aquelas lacunas produzidas no início do conhecimento gramatical da língua.
Os erros mais frequentes na disortografia são omissões (ex. mamadeira = mamadera) ou inversões de letras (ex. motoca – mococa), confusão de sílabas (brincaram = brincarão), aglutinação das palavras (ex. brincamos deboneca), separação indevida das palavras (ex. brinca mos de boné ca), troca de fonemas (pote = bote) ou ainda adição de sílabas (mototoca).
Muitas vezes, consciente de suas limitações, o disortográfico não tem vontade de escrever e, quando o faz, é comum encontrarmos textos reduzidos, em que o autor dificilmente respeita as sinalizações gráficas, como parágrafos, pontuação e acentuação.
É importante ressaltar que esta dificuldade de aprendizagem, quando não reconhecida a tempo, pode causar limitações no desenvolvimento cognitivo e escolar da criança, assim como a falta de conhecimento sobre a problemática pode levar ao rótulo de “preguiçosa” ou “burra”, imposto pelos colegas, pela escola ou pela própria família. Tais rótulos, além de reforçar a dificuldade e impedir a superação das barreiras impostas pela disortografia, podem ocasionar insucesso escolar, perda da auto-estima, ou ainda, em casos extremos, até depressão.
De qualquer forma, a disortografia, por si só, não é considerada uma doença, mas uma dificuldade superável através de acompanhamento adequado. Os profissionais que trabalham com disortográficos, como psicopedagogos, pedagogos, psicólogos e fonoaudiólogos focam os estímulos na memória visual, especialmente das letras e dos números, o que, aliás, não só pode como deve ser reforçado pelo professor e pela família.
Colaboração: Cátia Dalla Valle, Geisa Francieli Bonatto e Gerusa Binotto Piaia, alunas do VII semestre do Curso de Psicologia da URI – Campus de Frederico Westphalen.

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