E a psicologia, o que tem a dizer?
(In)dependência do Brasil: o que a Psicologia tem a ver com isso?
Geisa Francieli Bonatto
Suelen Ferrabolli Zanco
“Amigos do Saber”, “E a Psicologia, o que tem a dizer?”, “Mês da Independência”... Vincular um jornal pedagógico à ciência psicológica e à (in)dependência do Brasil possibilita refletir sobre a influência da mídia na construção da identidade cultural. E, ao admitir a influência da mídia na construção da identidade cultural, estamos reconhecendo a nossa (in)dependência ou, porque não dizer, “pseudoindependência”. Esse “(in)” e/ou “pseudo” significa dizer que somos construídos a partir de uma cultura que é direta e diariamente influenciada, portanto nos dizer “independentes” é não reconhecer as influências a que somos submetidos.
Todos os meses “E a Psicologia, o que tem a dizer” acompanha a temática do jornal a partir de um “pensar psi”. Nessa perspectiva, as reflexões do mês de setembro nos remetem a um “pensar Brasil”, e pensar Brasil requer pensar o sujeito brasileiro ou a constituição do sujeito brasileiro e os fatores que interferem nessa constituição. Que fatores são esses?
Nesta perspectiva, é inegável o papel da mídia, uma vez que as informações veiculadas pelos meios de comunicação contribuem de forma significativa na construção da nossa cultura, e consequentemente, influenciam na construção do sujeito brasileiro, uma vez que somos submetidos a ser, pensar e agir de acordo com a cultura de uma realidade que nos é imposta. Porém, muitas vezes não nos damos conta dessa interferência, a qual atua como uma “máquina”, produzindo gradativamente a identidade cultural do povo brasileiro.
Por exemplo, a televisão, ao mostrar formas de conhecimento e lazer, faz circular uma série de valores e concepções sobre quem somos, uma vez que, não raramente, é ela quem determina nosso jeito de vestir, a música para escutar, os cuidados necessários com a alimentação e a educação de nossos filhos... enfim, a televisão se apresenta como um veículo que se dirige à “educação” e formação das pessoas, assim como a escola e a família. Desta forma, pode-se dizer que a mídia opera efetivamente na constituição das pessoas, ensinando-lhes modos de ser e fazer, interferindo significativamente no conceito de certo e o errado.
Nos dias atuais, se pararmos para pensar, é possível perceber o quanto somos dependentes de uma cultura capitalista, que prega, por exemplo, padrões ideais de beleza, causando impactos na auto-estima e idealização do corpo dos sujeitos. Perdemos, muitas vezes, nossa própria autonomia, agindo de forma oposta aos nossos reais desejos e vontades, nos tornando meros objetos de controle, vivendo relações artificiais caracterizadas principalmente pelo consumismo e pelo culto a beleza.
Enfim, a mídia é uma instância social que repercute - positiva e negativamente - nos processos de construção da nossa cultura, e consequentemente, na constituição do sujeito brasileiro. Por esta razão, ao nos aproximar do dia da Independência do Brasil, é cabível pensar no paradigma “independência” versus “dependência”, considerando que herdamos uma cultura que foi e é constantemente influenciada, tanto pela miscigenação como pela interação dos povos, o que resulta no que somos e fazemos. De qualquer maneira, mesmo que esta influência seja, muitas vezes, negativa, não podemos deixar de lembrar que é essa diversidade que constitui a beleza de nosso país: um lugar agradável e saudável de viver.
NPE – Núcleo de Psicologia Escolar URI-FW – Fone: (55) 3744-9253
Professora Responsável: Edinara Michelon Bisognin
Estagiárias: Gisela dos Santos, Josiani Galli, Kamila Trautmann, Karoema Dias.
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